Os Alpes russos

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Um ambicioso programa de incremento da indústria turística para fomentar a economia do Cáucaso do Norte está em andamento. Ao todo devem ser criadas cinco grandes estações de esqui na região, com um investimento privado de 450 bilhões de rublos (R$ 23 bilhões). Uma das localidades escolhidas foi o planalto Lagonaki, de 650 km quadrados e a 2h30 de viagem de Krasnodar, no sul do país, uma área tranquila do Cáucaso do Norte, sem guerras ou terrorismo.

A projeção das autoridades locais é de que, até 2019, o planalto receba de 20 mil a 25 mil pessoas diariamente e se iguale às tradicionais estações dos Alpes, na Europa.

Para tanto, foi criada uma sociedade anônima, intitulada KSK, que investirá 60 bilhões de rublos na construção e reparação de estradas, linhas elétricas e redes técnicas. Espera-se ainda um aporte de 390 bilhões de rublos (R$ 22 bilhões) de investidores privados, que deverão construir hotéis, pistas de esqui e restaurantes.

Em contrapartida, o governo promete isentar  os investidores de impostos sobre os lucros por 49 anos, segundo declarou o secretário do presente russo Arkádi Dvorkovitch, ao diário Vedomosti.

A região da Adiguésia, onde fica o Lagonaki, não faz limite com outras repúblicas separatistas do Cáucaso do Norte, mas o receio com a segurança no local é grande.

Esquiador com 15 anos de prática, Serguei Mishenko conta que o assassinato em fevereiro de três moscovitas no sopé do monte Elbrus, a montanha mais alta da Europa, o levou a pensar em desistir de viajar ao Cáucaso do Norte. Os esquiadores foram mortos por radicais islâmicos. “As montanhas naquela região são maravilhosas,  mas  estou  com medo de andar lá com minha família”, diz.

O presidente da Adiguésia, Aslan Thakushinov, defende sua região. “Estamos situados no meio do território de Krasnodar. Pergunto: Por que se pode investir em Krasnodar, Sôtchi, Guelendjik e na nossa república não?”, questiona.

O chefe do comitê de turismo de Adiguésia, Vladímir Petrov, ressalta que o incremento da estação de Lagonaki deve afetar os habitantes de um raio de 250 a 500 km de distância do local, o que incluiria Krasnodar, Rostov e Stavropol.

No município de Apcheron, parte da estação de Lagonaki, também é esperado um grande número de turistas, o que certamente vai movimentar a economia local.

A falta de energia elétrica estimulou a criatividade da população da região, o que resultou em soluções interessantes. Em Nêjnaia, a família Feshini, por exemplo, construiu uma piscina ao ar livre aquecida por energia solar. A diversão fica a 1,4 mil metros de altura e foi obra de Valentin Feshin, um conhecido cientista e vulcanólogo da região, que chegou a trabalhar com o famoso físico russo Serguei Kapitsa.

Outra residências são aquecidas com fornos e aquecedores abastecidos com gasolina ou até por fontes termais. No vilarejo de Vodolei, as águas quentes aquecem toda a área de descanso, que tem piscinas entre as casas. A temperatura da água é de cerca de 40ºC e, mesmo no inverno, as piscinas estão repletas de mães com filhos, idosos e casais.

“É assim apenas nos finais de semana e feriados”, explica o diretor do departamento do turismo do Território de Krasnodar, Evguêni Kudelia, que espera agora que o local também passe a receber turistas.

Hotéis quatro estrelas da área penam para sobreviver, já que os moradores não costumam se hospedar por mais de dois dias. Os preços da hospedagem em Lagonaki variam de 250 rublos (R$ 14) por pessoa a 2,5 mil rublos (R$ 145) pelo quarto de casal. O salário médio no município também é baixo, cerca de 5 mil a 7 mil rublos (R$ 300 a R$ 400). “Antes a gente serrava e vendia lenha, agora vemos que o turismo é mais vantajoso”, conta o taxista Serguei, que também está ansioso pela chegada das estações.

A construção da estação de Lagonaki foi dividida em duas frentes: a de Krasnodar e a de Adiguésia, onde estão situadas 95% das áreas do planalto. O primeiro lote, com 250 hectares, foi apresentado em Davos pelo presidente russo. Ele tem a maior parte de sua paisagem inclusa no patrimônio da humanidade da Unesco, mas suas pistas teriam apenas os graus de dificuldade baixo e médio.

Já a área da Adiguésia deve contar com 60 km de pistas de esqui de todos os graus de complexidade, em uma superfície de 4 mil hectares.

Para Krasnodar foram convidados projetistas austríacos da Masterconcept Consulting. Para a Adiguésia, italianos de Tyrol do Sul, cuja estação de esqui tem dimensões semelhantes.

Isso deve garantir que a KSK leve os investidores, e que o projeto seja realizado em rigorosa conformidade com o plano.

Já foram assinados acordos de intenções com o fundo de investimentos árabe Invest AD, com o Credit Suisse e o Deutsche Bank.

Para a Adiguésia, a Investtursersis assinou um acordo de 3 bilhões de rublos (R$ 174 milhões).

“Queremos começar nosso projeto e, se a Adiguésia conseguir um acordo com a Unesco, continuaremos ali”, planeja Kudelia. Os hotéis podem trazer até 70 % das receita das estações.

Fonte: Folha de SP

Para mais informações: www.interpoint.com.br

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