A velocidade de Beijing

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Antes de deixar Pequim, a primeira coisa que uma pessoa sensata deve fazer é jogar o mapa fora. Mesmo que se volte para lá no ano seguinte, bairros inteiramente novos terão brotado praticamente do nada, arranha-céus terão eliminado os hutongs, os labirínticos bairros tradicionais onde a vida corria havia séculos praticamente da mesma forma, imensos shopping centers aparecem no lugar de quadradas lojas de departamento soviéticas, muquifos dão lugar a hotéis butique, os patos pendurados em varais pela rua somem na proporção em que restaurantes finos aparecem.

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Nada que não se esperasse dessa cidade de 15 milhões de habitantes, centro financeiro da economia que mais cresce no mundo.

Pequim, ou Beijing, como a cidade quer ser conhecida daqui para a frente, se preparou de uma forma obsessiva e sistemática para receber as Olimpíadas de 2008. Além das transformações físicas, o governo fez um trabalho enorme de conscientização para a população receber bem os turistas.

Quem foi para lá há pouco tempo percebe o quanto está mais fácil circular pela cidade – não só as pessoas começaram a falar muito mais inglês, como as placas, sinais e até menus de restaurantes estão muito mais amigáveis para os estrangeiros. Até mesmo hábitos tradicionais chineses mal vistos pelos ocidentais, como cuspir nas ruas, foi desestimulado pelo governo por meio de pesadas multas.

Mas nem por isso o turista encontra uma cidade fake, remodelada pelo evento esportivo de 2008. Pequim é daqueles lugares onde os acontecimentos históricos se somam, o que faz com que um passeio seja quase uma viagem no tempo. A Cidade Proibida, do século 15, continua praticamente como era quando o último imperador a deixou em 1911 e a China passou de reinado a República Popular. Para sentir esta passagem histórica basta sair do complexo de palácios reais e cair na soviética arquitetura de Tiananmen Square, a Praça da Paz Celestial, palco do massacre dos estudantes em 1989 e onde descansa embalsamado o camarada Mao Tse-tung. Uma multidão de 8 milhões de visitantes faz este trajeto todo ano.

Principalmente no auge do verão (os meses de julho e agosto), quando o turismo interno (num país de 1,3 bilhão de habitantes isso é uma grande coisa) se aquece, estes lugares e também os trechos mais visitados da Muralha da China, como Badaling, ficam praticamente intransitáveis. As temperaturas médias nesta época do ano passam facilmente dos 30 graus, enquanto no inverno (entre novembro e fevereiro) podem despencar para 5ºC ou 10ºC negativos. Nesta época, os lagos do lindo parque Beihai ou do Palácio de Verão costumam congelar.

A cidade está acostumada com mudanças e nem sempre estas foram para melhor. Pequim já foi incendiada, destruída por guerras, chacoalhada por terremotos. Mais recentemente, os templos que resistiram às intempéries e trocas de dinastias ainda tiveram que sobreviver aos soldados da Revolução Cultural e a sua obsessão por decapitar Budas, queimar livros, mandalas e outras relíquias sacras. Até as muralhas da cidade, erguidas na Dinastia Ming, há 500 anos, deram lugar a um anel viário em 1950.

Na Pequim do século 21 bairros como Chaoyang, onde está o novo Parque Olímpico, crescem à velocidade que os hutongs desaparecem. Nos anos 80 havia 3.679 hutongs na cidade. Hoje, são 40% menos. Cerca de 600 destes bairros típicos vão abaixo a cada ano, mudando radicalmente o visual da cidade. Casas, lojas e restaurantes têm desaparecido, mais notavelmente na região ao sul da praça Tiananmen, nos arredores de Quianmen Dajie. Apesar de o governo ter declarado proteger alguns desses bairros, não dá para garantir que quem visitar a cidade hoje vá encontrá-los. O que dá, sim, para afirmar é que Pequim é uma cidade para voltar sempre.

Fonte: UOL Viagem.

Para mais informações: www.interpoint.com.br.

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Tags :

ásia, beijing, china, pequim

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